Pois que todos os dias ele passava fumando... Ai, que ele parou de fumar?
Agora essa... Que poderia ter acontecido? Fumava sim, todos os dias, sempre que o via passando, estava a fumar. Agora não se vê com um cigarro por perto.
Ai, que isso não me alegra. Agora como poderei referir a palavra a ele?
Já havia, inclusive, começado a fumar para ter o pretexto de pedir-lhe um isqueiro, assim chamaria sua atenção.
Até já o fiz, porém não adiantou muito. Ai, que me ignorou quase por completo.
Que poderia significar? Que não represento-lhe nada?
E olha que o pedi usando todo o meu charme possível. Sempre tento chamar-lhe a atenção, o que parece ser em vão. Ai, que não entendo.
Ai! Deus! Será que ele não gosta das que chamam a atenção?
- Poderias ser mais recatada, menina! Assim, quem sabe, ele não te repara e passa a olhar-te como desejas? - diria alguém
Ai, que ele nem vai prestar atenção em mim... Nem irá avistar-me.
Tenho que ter os mesmos costumes que os seus. Conhecer as mesmas pessoas, freqüentar os mesmos lugares, ter os mesmos costumes.
Tanto que comecei a fumar por sua causa. A desculpa do isqueiro, se feita com mais freqüência gerará uma...
Ai, mas e se ele realmente parou de fumar? Como farei?
Não sei bem os lugares que ele freqüenta, além de saber que freqüenta os bailes da capital, os quais nem me atrevo a ir.
Ele é um homem tão importante. Como farei eu para que me repare?
Seriam necessárias roupas novas. E atitudes mais altivas para que me reparasse. Nada singelo, tudo poder e elegância.
O melhor perfume, o melhor tecido, a melhor costura.
E o andar sedutor e envolvente.
Ai, que não sinto-me feia. Também não ouso dizer que sou bonita, mas não sou de jogar-se fora. Tenho muitas virtudes que os outros desconhecem.
Não consigo alguém porque sou uma anta, lenta.
Ai, que eu queria que alguém visse minhas virtudes todas, e que eu pudesse passar muito tempo, e que me completasse e que pudéssemos discutir as mais variadas coisas, tudo nosso interesse.
Afinal, quem é que não vive com a eterna vontade de ser amado?
Faço eu mal?
Não. Faço apenas aquilo que me convém ser a coisa certa. Mesmo vivendo apenas de idéias não realizáveis. Hipóteses...
Ai, que sou mesmo uma anta. Não seria mais agradável se me despertasse o interesse aquele que já está interessado em mim?
Pois que isso deve ser maldição. Já ouvi falar que existem pessoas que fazem certas "misturas" com intenções torpes:
- Pára com isso, menina, isso não existe. É coisa de sua cabeça.- dirá alguém.
Ai, lá vai ele em seu caminhar. Aonde estará indo?
Poderia ser esse o momento que eu poderia pedir-lhe um isqueiro para acender um cigarro e ele sorriria e perguntaria como eu tenho passado, e começaríamos um ótimo relacionamento.
Mas já que o maldito parou de fumar, todas as esperanças, que já eram frágeis, fossem pelo ralo. Nunca mais terei uma outra oportunidade de me aproximar dele.
Sou mesmo muito desgraçada.
E jamais homem algum iria querer algo comigo, pois eu ficaria imaginando tantas coisas que iriam para o ralo assim como essas.
A próxima serei eu. A descer pelo ralo de um fedor inebriante. Sempre para baixo. Sempre num lugar mais e mais sujo. Todo o esgoto em mim. Ficarei tempo suficiente lá até poderem confundir-me com qualquer outro dejeto. Sim, isso que sou, um dejeto.
Então eu iria ser despejada no mar, e ninguém notaria minha falta.
Ai! Que seria aquilo em sua mão? Está acendendo um cigarro?
- Corra, corra, corra! Vai logo pedir-lhe o isqueiro.- diria alguém.
Contos, reflexões, ensaios... tudo em prosa. Com um generoso toque de sentimentos.
terça-feira, 22 de janeiro de 2008
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2 comentários:
Será?!
Lindo texto!! Muito lindo!
Parabéns!
;D
bjos
AIMEUPREFERIDO!
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