Contos, reflexões, ensaios... tudo em prosa. Com um generoso toque de sentimentos.

sexta-feira, 26 de dezembro de 2008

Era fácil para ele mascarar-se.
Sempre diziam-lhe: 'esse nasceu para o palco'. De fato seus dons artísticos de interpretação eram vistos ao longe. Expansivo, adaptável, camelão... Vê-lo-ão como ele quer que o seja.
Cabe ao ator um fardo: a mudança instantânea de personalidade trás consigo a incerteza da mesma.
Ele mesmo não exerga-se. Não compreende-se.
Outro fardo: o de tonar a tudo uma peça de teatro. Dramatizar a vida e os acontecimentos.

Com dois fardos como estes cabe a ele a negação de valores atribuídos outrora para algum que o valha de maneira mais dramática e artística. Olha-se o cardápio de acontecimentos e sensações e escolhe-se a com maior pontecial de dramatização. Atribuí-la-á a seu momento e dramatizá-la-á. Inventa-se paixões, gostos, vontades...

Até o momento em que ele se depara com a seguinte afirmação: 'torne-te quem tu és'. Não obstante, não há meio dele tornar-se quem ele é. Afinal, desde seu entendimento por pessoa já o eram escolhidos os valores e sua essência.

Sartre já dizia: 'a existência precede a essência'. Seria essa a pedra-base do existencialismo. Sua existência importa mais que sua essência, já que a essência vai da vontade do existente. Valores, caráter... todos procedem à existência, máxima e absoluta.

Ele não possui domínio de seu eu. Ou possuí?

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