Contos, reflexões, ensaios... tudo em prosa. Com um generoso toque de sentimentos.

quarta-feira, 10 de dezembro de 2008

Vodca insône

Clic e o portão abriu. Ela desceu do carro e despediu-se torpe da amiga entorpecida. Costumeiramente não cumprimentou o porteiro. Bling e o elevador chega. Automaticamente a porta abriu e ela entrou. Entrou em casa e cheirou. O cheiro impregnou-se. Desde o carro nada permaneceu intacto além do cheiro. Ora, que viril! Derrotou tudo e moustrou-se único nas preocupações e indagações dela. Toc a sola do salto pelo apartamento, a varanda estava mais fresca. O banheiro estava úmido dos banhos ultimamente quentes dos dias permenentemente frios. Nada. Nada a livrava daquele cheiro. E que cheiro era? Algo como um prenúncio. Era cheiro de terra molhada. Bip e o fornô de microondas declarou pronto chá. O que foi ingerido foram duas doses. Tim tim e ela brindou sozinha. Dois copos de uma vez. Ela e o cheiro continuaram juntos... Um lapso! Voltou-lhe a memória: foi o homem. Nada mais de cheiro, ela fez de tudo pra despir-se do cheiro que caía-lhe como camisa de força. Estava sentindo-se presa. Os braço mexiam-se na prisão desesperada. Mais uma dose para livrar-lhe do gosto. Que seria? O anunciação era clara, porém turva. Ela não entendia nada, e isso a desesperava. Ora, sempre racional e olhos de falcão! Eles a abandonaram logo nesse momento. Cheirou e gritou. Mais uma dose e tomou um comprimido. Mais uma dose e foi ao chuveiro. Tonta, doida, desesperada. A cheirou fincou-se em suas costas. Esfregou-se forte com o sabonete, e tontou mais. Mordeu a mão, tonteou mais e dormiu.

2 comentários:

Tamires Nascimento disse...

e o cheiro a perseguirá por um bom tempo, e ela se apegará a ele, será como um ciclo vicioso, ela se esfrega pra fugir do cheiro, e quando o cheiro vai embora ela se esfrega para te-lo de volta

Briel Barbosa disse...

gente, é um apecto interessante, tamíres... =X o vício.