Contos, reflexões, ensaios... tudo em prosa. Com um generoso toque de sentimentos.

quarta-feira, 29 de agosto de 2007

O caçador...

Igor tem um espírito livre. Não se prende a nada. Muito menos à vida, desde o momento em que a retira de outros seres o tempo todo.
Quando um futuro caçador começa a caçar, todas suas habilidades para a agricultura se esvai na eterna vontade da caça. A emoção, o perigo, o cansaço, a morte... Todos esses sentimentos conduzem o caçador à uma vida de solidão... E Igor é caçador...
Perpétua já é diferente. Perpétua é sonhadora, apaixonada e, ao contrário de Igor, ela é totalmente presa à terra por raízes de metros...
Foram obrigados a se casar, mas Igor não viveu ao menos um dia em sua casa. Acontece que estava bêbado. Vítima de uma plano sórdido preparado pelo pai de Perpétua, Amadeus, que queria casar sua filha, e, por atirar pior que Igor, queria-o preso à ela.
Unindo o que queria com o que o orgulho mandava fazer, Amadeus embebedou Igor, de modo que foi fácil casá-lo.
Amadeus, com tal ato, torna Perpétua ainda mais triste, pois acabou amando Igor, e esperando por ele sempre...
Acha Igor desatinado, folgazão, leviano e rude.
Em contrapartida, Igor acha Perpétua uma tola, fracassada e superficial...
Sempre que vê Igor trazendo algum javali, ou tetraz para seu patrão, Perpétua tenta trazê-lo a casa. Apela aos métodos mais torpes, como dizer a Igor que é sua obrigação dar dinheiro a ela, e que ela está precisada.
Igor sempre dá à Perpétua alguns rublos. Às vezes, Igor dá a ela a sua caça, seu maior tesouro. Perpétua dá afeto a Igor pelo seu olhar... Ele acaba sentindo-o, e ela diz satisfazer-se com o sentimento dele... Mas ainda assim, ela se lamenta por não ter ao menos uma noite de amor com seu amado, que agora acaba de construir uma casa nova para Sônia, enquanto a dela, sua mulher, cai aos pedaços...
Perpétua não agüenta mais, e acaba amarrando uma corda ao pescoço, amarra à árvore, sobe-a e se joga, caindo morta.
Igor, finalmente, depois de anos de caça, decide parar. Quando volta e vai a casa, vê ainda o corpo de Perpétua, e seu pai, sentindo-se culpado, a chorar embaixo de seu corpo.

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